Verbos Psicológicos: Definição, Interpretação e Usos no Português Brasileiro
Este artigo busca definir, interpretar e expandir o conceito de “Verbos Psicológicos”, com foco nos verbos mais comuns e utilizados no português do Brasil.
Os verbos psicológicos são uma classe de verbos que descrevem estados emocionais e mentais, e se caracterizam por apresentarem um argumento que assume o papel temático de experienciador. Em outras palavras, esses verbos expressam sentimentos, sensações e percepções experimentadas por um ser animado, geralmente humano.
Características dos Verbos Psicológicos:
- Denotam um estado emocional: Expressam sentimentos, emoções, ou estados mentais.
- Apresentam um experienciador: O experienciador é o indivíduo que vivencia a emoção ou estado mental descrito pelo verbo.
- Podem apresentar diferentes estruturas sintáticas: O experienciador pode aparecer na posição de sujeito ou de objeto, dependendo do verbo e da construção utilizada.
Alguns exemplos de verbos psicológicos comuns no português brasileiro são:
- Grupo 1 (Experienciador como sujeito): amar, adorar, detestar, gostar, odiar, preferir, desejar, querer, ansiar, temer, admirar.
- Grupo 2 (Experienciador como objeto): preocupar, alegrar, assustar, acalmar, animar, angustiar, chatear, comover, decepcionar, encantar, enfurecer, irritar, fascinar.
Classificação dos Verbos Psicológicos:
A classificação dos verbos psicológicos é um tema complexo e existem diferentes propostas na literatura. Uma das classificações mais tradicionais divide esses verbos em dois grupos principais:
- Verbos do tipo “temer”: o experienciador é o sujeito da frase (ex: Maria teme a barata).
- Verbos do tipo “preocupar”: o experienciador é o objeto da frase (ex: A prova preocupa Maria).
Essa divisão se baseia na posição sintática do experienciador. No entanto, estudos mais recentes, como o de Cançado (1995), propõem classificações mais complexas, considerando outras propriedades sintáticas e semânticas, dividindo os verbos psicológicos em quatro classes:
- Verbos que aceitam construção ergativa: preocupar, apavorar.
- Verbos que aceitam causativização: alegrar, contentar.
- Verbos que aceitam a inversão dos argumentos: causar, inspirar.
- Verbos que apresentam passivização sintática ou adjetiva: aterrorizar, incomodar.
Essa classificação, baseada em propriedades sintáticas, demonstra a complexidade da classe dos verbos psicológicos e a diversidade de comportamentos entre os verbos que a compõem.
Construções Analíticas com Verbos Psicológicos:
É importante destacar que, além das construções com verbos psicológicos plenos, o português brasileiro utiliza frequentemente construções analíticas, que combinam um verbo leve (como “ficar”, “estar”, “ter”, “haver”, “fazer”, “dar”, “sentir”, “tomar”, “trazer”) com um nome ou adjetivo que expressa o estado psicológico.
Exemplos:
- Construção com verbo pleno: A notícia abalou Pedro.
- Construção analítica: Pedro ficou abalado com a notícia.
Essas construções analíticas são especialmente frequentes com verbos psicológicos, e sua alta frequência destaca a importância de se considerar tanto as formas plenas quanto as analíticas ao analisar essa classe verbal.
Considerações Finais:
Os verbos psicológicos constituem uma classe complexa e heterogênea, com diferentes classificações e comportamentos sintáticos. As construções analíticas são extremamente relevantes para a análise dessa classe verbal no português brasileiro. O estudo aprofundado dos verbos psicológicos é fundamental para a compreensão da gramática e do funcionamento da língua portuguesa.